
Biografia de Sua Excelência Papá Charles Daniel Lukelo Kisolokele
Nascimento e Origem
Papá Charles Daniel Lukelo Kisolokele nasceu em 12 de fevereiro de 1914, em Nkamba, durante os tempos turbulentos da Primeira Guerra Mundial. Ele era o primogênito de Papá Simon Kimbangu e Mamã Marie Muilu, sendo chamado de “Nkulutu”, que em Kikongo significa “o mais velho”.
Vida Familiar
Casou-se com Mamã Pauline Nsalulu a Nkanda, com quem teve 14 filhos, entre os quais:
- Papá Simon Kimbangu Kisolokele
- Papá Jean Wamba Kisolokele
- Papá Dieudonné N’toto Kisolokele
- Mamã Marianne N’teke K.
- Papá José Diangienda K.
- Mamã Micheline Kiaku K.
- Papá Firmin Lukibanziladio K.
- Mamã Nelly Nkituadi K.
- Papá Paul Kisolokele Kiangani
- Papá Alphonse Kiniuka Ns. K.
- Papá Salomon Kiangani K.
- Papá Simon Kimbangu K.
- Papá Christophe Tusimbana K.
- Papá Michel Zoladiovanga K.
- Mamã Solange Kaluyitukuako
Juventude e Testemunho de Fé
Desde jovem, Kisolokele acompanhava fielmente o ministério espiritual do seu pai. Em uma ocasião importante, Papá Simon Kimbangu disse aos filhos:
“Kisolokele, Dialungana, Diangienda, fiquem aqui. Eu tenho que cuidar de um problema.”
Mas o jovem Kisolokele insistiu em segui-lo, demonstrando a profundidade de sua ligação e lealdade.
Essa cumplicidade o tornou testemunha ocular do julgamento injusto de seu pai em 1921, quando, com apenas 7 anos de idade, foi interrogado pelas autoridades coloniais belgas. Tentaram manipulá-lo, prometendo a libertação de sua mãe e irmãos, caso negasse os milagres realizados por seu pai. Corajosamente, respondeu:
“Senhor Presidente, sei perfeitamente o que está acontecendo. Diante dos meus olhos, vi meu pai ressuscitar mortos, devolver a visão a cegos, fazer paralíticos andarem, apenas dizendo: ‘Seja curado’ ou ‘Ressuscite em nome de Cristo’.”
Perseguição e Formação Acadêmica
Como punição por sua fidelidade, foi deportado para o campo de Boma, onde estudou sob vigilância severa. Era proibido até mesmo de falar sobre seu pai com os demais detentos.
Apesar disso, destacou-se como estudante exemplar, vindo mais tarde a ingressar na administração colonial e alcançar o posto de Administrador do Território.
Trajetória Política
Com a independência do Congo em 1960, foi nomeado Ministro do Trabalho e eleito Deputado Nacional, sendo o mais votado do país com cerca de 94.304 votos, superando figuras históricas como Patrice Lumumba (aprox. 84.000 votos).
Desempenhou funções como:
- Ministro
- Deputado
- Comissário do Povo
Participou ativamente da estruturação do novo Estado, promovendo políticas públicas em áreas como:
- Saúde (criação de hospitais, centros de saúde e dispensários)
- Educação (escolas, universidades)
- Apoio social (assistência a órfãos e viúvas)
- Desenvolvimento rural e agrícola
Em províncias da RDC, bem como em Angola e no Congo-Brazzaville.
Ação Social e Espiritual
Homem de espírito generoso, acolhia a todos, independentemente de raça, origem ou religião. Facilitou a ida de muitos jovens à Europa e às Américas, criando oportunidades de estudo, trabalho e vida espiritual, sendo muitos deles Kimbanguistas e outros não.
Sua liderança foi marcada por benevolência, visão e exemplo, sendo considerado um modelo de liderança africana espiritual e política.
Evangelização Internacional
Nos anos 1970, Papá Kisolokele iniciou uma importante missão de evangelização na Europa. Estabeleceu-se na Suíça, e, com o apoio de seu irmão Papá Joseph Diangienda Kuntima, plantou a bandeira Kimbanguista nos seguintes países:
- Suíça
- Bélgica
- França
- Espanha
- Países Nórdicos
Últimos Dias e Partida
Durante os anos 70, Papá Kisolokele enfrentou várias internações hospitalares. Assim como seu pai, anunciou com exatidão o dia e o mês de sua morte, embora sem revelar o ano.
Em 1992, internado em Vilvoorde, na região da Flandres (Bélgica), chamou a atenção do enfermeiro ao olhar repetidamente para o relógio. Quando perguntado, respondeu:
“Estou observando a hora para saber exatamente quantos minutos faltam para deixar fisicamente o mundo dos vivos.”
Antes de falecer, dirigiu-se aos fiéis presentes com a seguinte mensagem:
“A minha doença deve-se ao peso dos vossos pecados, os quais carrego há anos. Mas de hoje em diante, cada um de vós irá levar (suportar) a sua própria carga.”
Na terça-feira, 17 de março de 1992, após três profundas respirações, Papá Kisolokele entregou sua alma ao Criador.
Seu corpo foi transladado da Bélgica no dia 19 de março, chegou a Kinshasa no dia 20 e foi sepultado em Nkamba – Nova Jerusalém, no dia 22 de março de 1992.
Legado
Papá Charles Kisolokele Lukelo foi:
- Um testemunho vivo da missão espiritual de Simon Kimbangu
- Um construtor da nova nação congolesa
- Um modelo de líder benevolente, visionário e evangelizador
- Um símbolo de resistência, fé e serviço ao povo
Seu exemplo continua a inspirar gerações de fiéis Kimbanguistas, líderes espirituais, jovens africanos e cidadãos do mundo que acreditam na justiça, igualdade e dignidade humana.
Imprensa Kimbanguista



