Mamã Muilu Marie Kiawanga Nzitani: Um Pilar na Emancipação Feminina a partir de África
A história da emancipação feminina africana é rica em figuras inspiradoras, e Mamã Muilu Marie Kiawanga Nzitani se destaca como um pilar fundamental no contexto do movimento kimbanguista. Sua importância, muitas vezes negligenciada, reside principalmente na terceira fase do primeiro percurso do êxodo kimbanguista (1951-1959), um período crucial de transição entre a repressão colonial e o reconhecimento oficial da Igreja Kimbanguista no Congo Belga (24 de Dezembro de 1959).
Neste período, Mamã Muilu demonstrou uma capacidade extraordinária de liderança, equiparando-se às faculdades de seu marido, Papá Simon Kimbangu, então detido a 3000 km de N’kamba, onde ela e seus filhos residiam. Através de habilidades telepáticas, ela recebia orientações e mantinha comunicação com o líder espiritual, tornando as visitas diárias de Papá Simon Kimbangu, via teletransporte, algo natural em seu cotidiano. Seu elevado desenvolvimento espiritual, metafísico e intelectual permitiu-lhe não apenas compreender, mas também guiar o movimento com firmeza e sabedoria.
A liderança de Mamã Muilu foi essencial para a transição do movimento kimbanguista da clandestinidade para a oficialização institucional. Sua bravura e resistência ao sistema colonial, aliadas a uma eficiente gestão dos recursos humanos, a consagraram como uma figura emblemática da emancipação feminina africana. Sua história transcende a esfera religiosa, representando um exemplo inspirador de força, resiliência e liderança feminina num contexto histórico de profunda opressão. Mamã Muilu não apenas sobreviveu, mas prosperou, deixando um legado inegável para as gerações futuras.
Autor: Adão Paxi, investigador cultural e pesquisador do kimbanguismo