Fundação do Grupo Flautista Kimbanguista (FLAUKI)
A história do Grupo Flautista Kimbanguista (FLAUKI) remonta ao ano de 1921, em Nkamba, quando muitos nativos — formados pela Missão Baptista de Vila, localizada a cerca de 15 km da cidade santa — já se dedicavam ao uso da flauta como forma de louvor. Entre eles, destaca-se Papá Simon KIMBANGU, que, com sua fé e musicalidade, conduzia momentos de exaltação ao Deus Todo-Poderoso.
Durante o seu ministério, Papá Simon KIMBANGU foi assistido não só pelo coro, mas também por um jovem grupo de Flautistas Kimbanguistas. Este grupo, movido pela inspiração divina, fabricou instrumentos de percussão artesanalmente com pedaços de árvores e peles de cabra ou antílope. O tambor utilizado era conhecido como “Bamde”, cujo som característico, chamado “Zulu Babela”, deu origem à emblemática marcha rítmica dos Kimbanguistas daquela época, conhecida como “Lusende”.
Sob a liderança técnica de Papá POTA Victor, da aldeia de Kimbonza, já existia em 1921 um embrião organizado do grupo Flautista. No entanto, após a tentativa fracassada de detenção de Papá Simon KIMBANGU em 6 de junho de 1921, o Kimbanguismo passou a operar na clandestinidade. Esse contexto forçou a suspensão de diversas atividades — incluindo as apresentações do grupo de flautistas —, e os instrumentos acabaram por se deteriorar com o tempo, devido ao abandono e às condições ambientais.
No dia 11 de setembro de 1921, quando Papá Simon KIMBANGU regressava de Mbanza Ngungu a Nkamba, foi escoltado por um grupo de flautistas protestantes — a maioria alunos da Missão Baptista de Vila — até o local chamado Ngungu’a Kimbanda.
Mais tarde, em 1947, Papá Simon KIMBANGU incumbiu seu filho, Papá DIALUNGANA KIANGANI, da missão de fabricar novos tambores e o “Bamde”, utilizando árvores da aldeia de Weno. Esses instrumentos foram cuidadosamente produzidos e preservados em Lukengo, sendo utilizados em 1960 na cerimônia de translado dos restos mortais de Papá Simon KIMBANGU, de Katanga/Lubumbashi até Nkamba – Nova Jerusalém, via Matadi-Mayo.
A árvore indicada por Papá Simon KIMBANGU para a fabricação dos instrumentos musicais foi a “Mungomangoma”, símbolo espiritual e material da continuidade dessa obra musical sagrada.
Assim, a flauta tocada por Papá Simon KIMBANGU e o grupo de jovens que Ele formou é a gênese do FLAUKI, o Grupo Flautista Kimbanguista. Hoje, esse legado perdura e floresce. Em cada paróquia da Igreja Kimbanguista, seja em África, na Europa ou em qualquer outra parte do mundo, os tocadores de matutu continuam, com devoção e fidelidade, a missão iniciada por Aquele que foi enviado por Deus.
Somos os verdadeiros herdeiros dessa obra divina. Que o som da flauta continue a elevar os nossos espíritos e a glorificar o nome do Senhor.